28 maio, 2005

Plataforma de e-learning na UFP

A introdução do e-learning (uso das tecnologias e comunicação para mediar o processo de ensino/aprendizagem) nas nossas vidas acrescenta novas possibilidades na formação e aquisição de conhecimentos. As informações são disponibilizadas em rede e os utilizadores têm acesso a um novo universo de conhecimento. Este tipo de ensino on-line e a complementariedadede métodos aplicados, obriga o aluno a responsabilizar-se pela sua própria aprendizagem.

Por: Helda Miranda

Jorge Costa, docente da Universidade Fernando Pessoa (UFP) e director da Direcção da Investigação Ciêntífica e dos Estudos Pós-Graduados (DICEP), fala-nos do e-learning como a estratégia de ensino que pode permitir uma maior flexibilização do ensino e aprendizagem, pois «o conjunto de horas de formação em sala de aula pode ser repartida em tempos diferentes», explica.

Este sistema de aprendizagem de acompanhamento individualizado pode permitir o desenvolvimento e aplicação de um conjunto de metodologias didácticas, como por exemplo a existência “Diários de Aprendizagem On-line”, onde o aluno regista objectivos de estudo, ideias aprendidas, dificuldades com a matéria, ajuda que precisa, participação em conferências e seminários electrónicos, etc.

Na opinião de Jorge Costa, «o e-learning reduz o tempo de ensino presencial e potencia o tempo de aprendizagem». O e-learning é, assim, explicado como uma estratégia que prima pela eficiência, e que traz vantagens financeiras e flexibilidade de aprendizagem. Deve ser entendido como um «meio para um fim».

O papel do aluno

«Cada vez mais, as escolas e os professores têm de sensibilizar os alunos a ganharem propriedade sobre o seu processo de aprendizagem. Tem de haver relação entre objectos de ensino e aprendizagem», defende Jorge Costa.

Por seu lado, Luís Borges Gouveia, em conjunto com Ribeiro Gouveia, um dos responsáveis pelo projecto UV-UFP (Universidade Virtual da Universidade Fernando Pessoa) e também docente da UFP, acredita «existirem condições para os alunos assumirem parte importante do processo de ensino/aprendizagem: essa também é uma das novas competências que lhe serão exigidas pelo novo mercado de trabalho, formatado no contexto da Sociedade da Informação e do Conhecimento».

Assim sendo, a auto-aprendizagem está correlacionada com o e-learning e é uma das condições fundamentais para o sucesso. Porém, Jorge Costa afirma que «deve existir equilíbrio entre o contacto pessoal e e-learning. O contacto pessoal é muito importante. São dois momentos de um processo de aprendizagem».

Totalmente aplicável

No que diz respeito às áreas de conhecimento abrangidas pelo ensino à distância, Borges Gouveia afirma que esta estratégia de ensino é aplicável a todas as áreas de conhecimento. «Obviamente que, em muitos casos, existem estratégias mais adequadas face a exigências específicas. Em todo o caso, a modalidade de ensino a distância e mais especificamente o e-learning pode ser combinada com sessões presenciais».

O caso UV da UFP

Segundo Borges Gouveia, o projecto UV-UFP foi um desafio que tem vindo a ser amadurecido pelo Reitor, Salvato Trigo, e surgiu em consequência da «crescente importância das tecnologias de informação e comunicação, aliadas à exigência de a Universidade se abrir a novos públicos».

Assim, e de acordo com Luis Borges Gouveia, a UFP disponibiliza, em carácter experimental, «uma plataforma de e-learning para apoio às aulas presenciais (elearning.ufp.pt) que cobre já mais de 550 membros da UFP (discentes e docentes), distribuídos por cerca de 67 disciplinas. Em breve, serão anunciados os próximos passos para alargar a toda a comunidade educativa o uso do e-learning», revela.

Alunos da UFP

Paula Sofia Almeida, aluna do 3ºano de Engenharia Civil da UFP, refere que não tem uma opinião muito concreta acerca do assunto, afirmando que «não é muito útil», na medida em que apenas os apontamentos das disciplinas são colocados on-line.

Sofia diz ainda ser essencial o contacto pessoal entre professores e alunos. «Por exemplo, eu tenho necessidade de falar com os professores e com os colegas. Aprendo muito mais quando estou a debater ideias do que em frente ao computador, mas admito que, para muitas pessoas, este sistema de ensino será o mais vantajoso».

Pelo contrário, Ricardo Lemos, estudante do 3ºano de Engenharia Informática, também da UFP, apesar de considerar essencial o contacto com o professor, salienta a importância do e-learning.

Ricardo diz já estar habituado a estudar por manuais on-line e por isso não sentiu dificuldades na adapatação às suas experiências de ensino à distância: «também existe um tutor que podemos contactar via e-mail ou ‘msn’», refere.

Apesar de reconhecer a importância do e-learning, Ricardo declara que, num curso de licenciatura, «não atingiria os propósitos desejados» utilizando unicamente este método, mas confirma que, no futuro, «depois de preencher algumas bases», a ideia de poder tirar um curso através do e-learning é bastante aliciante.

Um exemplo entre outros

Emanuel Águas é responsável pelo Departamento Ensino (DE) da CEAC, uma instituição privada, sediada em Lisboa desde ‘89 para a qual o primeiro objectivo é “colocar ao alcance da maioria das pessoas uma formação [profissional] de qualidade através do ensino a distância”. (http://www.ceac.pt)

Este responsável refere que «os cursos baseiam-se na auto-aprendizagem, pelo que os conteúdos pedagógicos são o principal condutor do ensino e estão disponíveis em suporte ‘scripto’ com complementos multimédia interactivos».

Emanuel Águas acrescenta, contudo, que alguma da oferta formativa começa a ser conduzida só a partir de plataformas on-line ou CD-ROM interactivos e, nestes casos, os outros suportes passam a assumir o papel de complemento.

Para apoio individual aos alunos, Emanuel refere a criação, em paralelo ao serviço de consultas, de “Tutorias Activas Monitorizadas” que constituem «o factor chave na garantia da motivação dos formandos ao longo do estudo e, consequentemente, ao início e conclusão das respectivas acções».

Face às crescentes mudanças no mundo e na sociedade, o responsável pelo DE-CEAC declara que «na formação ao longo da vida, os regimes livres, quer pela liberdade de horários, quer pela redução de custos, são particularmente interessantes para profissionais activos e empresas sendo este um método tendencialmente aplicável a todas as áreas: é apenas uma questão de os recursos pedagógicos evoluírem um pouco mais!»

Experiência à distância

Susana Carvalho é aluna de uma empresa especializada em e-learning e já frequentou os dois métodos de ensino, o ‘à distância’ e o ‘contacto pessoal’. Ao contrário da Sofia Almeida, Susana afirma que prefere o método de ensino à distância.

Para a nossa entrevistada, este é uma tipologia de ensino que «para além de nos permitir potenciar as nossas qualidades em relação ao curso, dá-nos a vantagem de podermos gerir o nosso tempo». E explica: «o curso alterna entre explicações teóricas e actividades práticas. O contacto com a escola pode ser feito de várias formas, pois à nossa disposição estão uma série de meios de comunicação para que todas as nossas dúvidas sejam esclarecidas com a maior rapidez e eficácia possível!»

Susana Carvalho assegura que «a apresentação das diferentes unidades didácticas está de tal forma organizada e explícita que a explicação do professor é quase dispensável».

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