28 maio, 2005

Abrigos lutam contra abandono dos animais

'A Cerca' é um abrigo de animais situado em S. Pedro de Rates, na Póvoa do Varzim, que para além de os acolher e de ter vindo a tentar resolver o enorme flagelo dos animais abandonados, distingue-se pelo seu trabalho de esclarecimento e defesa do direito à vida dos seus habitantes. Entretanto, o Sindicato Nacional dos Médicos Veterinários (SNMV) já assinou um protocolo que estaabelece a criação e gestão de um banco de dados com a identificação de animais de companhia: o Sistema de Identificação e Registo Animal - SIRA/SNMV.

Por: Amanda Alves

O abrigo ‘A Cerca’ foi fundado em 2001 e tenta sanar o grave problema de animais abandonados nas ruas da cidade da Póvoa de Varzim.

Neste abrigo já se encontram mais de 90 cães dos mais diversos tamanhos e raças. Cada um traz consigo as suas histórias, que são sempre carregadas de sofrimento. Os piores são aqueles que trazem traumas psicológicos e que dificilmente se consegue fazer ultrapassar.

Perante um cenário em que uns apanham socos e pontapés, e outros sofrem a dor do abandono, parece-nos uma falsidade apregoar que “Os cães são o melhor amigo do homem”. Mas nem todos são assim... A equipa que formou o abrigo e os voluntários que fazem deste local uma realidade, pensam diferente: depositam ali tempo, amor e dedicação, fazendo a vida daqueles animais que tiveram e/ou têm a sorte de ali estar, mais feliz.

‘A Cerca’ sobrevive à custa de donativos e, agora, de um apoio pequeno, mas muito válido, da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. No entanto, as despesas são muitas, apesar da solidariedade de tantos como, por exemplo, do veterinário, que é mais um dos voluntários.
Há duas enormes diferenças entre ‘A Cerca’ e a grande maioria dos que conhecemos. Uma delas são as acções de esclarecimento.

Teresa Santos, uma das directoras d ‘A Cerca’, é apaixonada por estes animais e faz de tudo para ajudá-los. Por isso realiza, sempre que possível, palestras e encontros em escolas para tentar sensibilizar as novas gerações deste problema: «realizamos palestras sobretudo em escolas particulares, que se interessam mais por estas iniciativas. Tentamos elucidar as crianças para o bom tratamento dos animais e, depois, fazemos uma demonstração de cães de salvamento com o objectivo de distrair mas, também, de mostrar uma das suas muitas capacidades», relata entusiasmada.

A outra diferença é que, ao contrário dos outros, aqui os animais não têm tempo limite de vida: vão esperando a adopção e, se isso não acontecer, têm ‘A Cerca’ como a sua casa.

Apesar de recente, este abrigo já faz muito, o que se torna bem visível nas ruas das cidades circundantes. No entanto, o trabalho é não acaba e já começa a escassear espaço e trabalhadores que auxiliem nas tarefas do abrigo.

‘A Cerca’, paga uma renda para usufruírem de um espaço que, como já se tornou pequeno, a equipa substituir, de preferência um que pudesse ser construído de raiz para o efeito, de forma a proporcionar as devidas condições aos seus inquilinos de quatro patas.

Tudo é muito agradável. Limpo e bem cuidado, sem odores mas cheio de vida,’ A Cerca’ mostra bem a vontade dos que a guardam. De raiz uma moradia térrea, esta área foi adaptada às necessidades dos amigos caninos. Dentro da casa principal existe, para além da parte administrativa, a maternidade e os cuidados especiais, particularmente dedicado aos isolamentos (zona também reservada ao atendimento veterinário) e o dispensário.

As adaptações foram exclusivas aos cómodos reservados aos animais; por exemplo, para a maternidade, o acesso é externo, assim como os isolamentos que, em conjunto, são cerca de 50% da área da antiga habitação. Da garagem surgiu o dispensário e a restante área foi guardada para a administação.

O pátio é muito grande e serve de recreio porque, n’A Cerca’ os donos têm o cuidado de soltar os animais. Contudo, já começa a ser ocupado por casotas que abrigam os recém-chegados pois, como referido, este começa a ser um lar pequeno para a família que aumenta todos os dias. Para isso, há que aguardar a boa vontade das pessoas e tentar que, no futuro, nem sequer sejam necessários estes lugares. Porém, enquanto lá estivemos para esta reportagem, isso não pareceu ser muito provável…

Sem comentários: