28 maio, 2005

Fórmulas para cidades do futuro

Porto e Maia são duas cidades vizinhas também na tentativa da preservação dos seus espaços, dentro das características que as diferem. Na Maia, uma cidade entre o urbano e o rural, o ambiente está em primeiro lugar, no Porto, a preservação do património é, entre outros, um dos primeiros passo para a preservação da cidade.

Por: Maria Manuel Freitas

A preocupação e os investimentos no sector do ambiente podem servir de exemplo para outros municípios. Há vinte anos, numa atitude pioneira, a Câmara Municipal da Maia (CMM) introduziu as questões ambientais na estratégia de desenvolvimento do concelho.
Desde então, têm sido várias as apostas deste município: abastecimento de água para consumo humano, ETAR’s (drenagem e tratamento de águas residuais), gestão dos resíduos sólidos, reciclagem multimaterial dos resíduos, acções de Educação Ambiental e a recolha selectiva porta-a-porta.

Por todas estas actividades e projectos, o lema mantém-se. Prova disso é, por exemplo, o Workshop “Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentado da Área Metropolitana do Porto”, realizado em Outubro. Este encontro «reuniu presidentes de Junta, técnicos do ambiente, professores e munícipes, com o objectivo de debater os principais problemas ambientais do concelho, fazer um diagnóstico sobre o que preocupa a população, o ordenamento do território, entre outros», conforme nos disse Helena Lopes, directora do Departamento do Ambiente da CMM.

O sucesso destes e de outros projectos passa, em grande parte, pela adesão da população. Felizmente, «as pessoas estão cada vez mais sensíveis às questões ambientais e uma prova disso são, por exemplo, as reclamações apresentadas pelos munícipes ou os alertas feitos para a Câmara de diversas situações como a existência de lixeiras a céu aberto, problemas de ruído, entre outras», como refere esta engenheira.

Além disso, os mais novos também são munícipes e é a pensar neles que a Câmara promove acções de Educação Ambiental, cujo fim é criar infra-estruturas destinadas à deposição voluntária de materiais pré-separados em casa pela população, para serem, posteriormente, reciclados.

Acresce, ainda, um desafio como é o da Quinta da Gruta, situada no Castêlo da Maia, «onde os mais jovens poderão usufruir de uma quinta com animais, estufas e laboratórios, para aprenderem coisas como plantar vegetais, recolher leite e produzir lacticínios, fazer pão, colher fruta e fazer compotas, etc. Além da vertente da Educação Ambiental, que reúne campanhas, visitas de estudo, exposições e a comemoração dos dias relativos ao ambiente», como refere Helena Lopes.

A construção de Ecocentros, de uma rede progressivamente mais alargada de Ecopontos e, mais recentemente, da recolha selectiva porta-a-porta, são uma constante nas preocupações da cidade da Maia. A finalidade deste projecto é a recolha de materiais destinados à reciclagem (papel, cartão e embalagens) e dos restantes resíduos não valorizáveis.

Outro valor fundamental para a CMM é o apoio constante aos seus munícipes. O Departamento do Ambiente está estruturado em três divisões: Qualidade de Vida, Ambiente e Espaços Verdes, sendo a primeira divisão (Qualidade de Vida) aquela que está mais voltada para o consumidor. Este sector trata de tarefas como a educação ambiental, um Gabinete de Apoio aos Consumidores, um Posto de Atendimento ao Consumidor e um Tribunal de Atendimento ao Consumidor. Este tribunal dispõe de acordos com a DECO – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor, para que, deste modo, o consumidor e munícipe possa fazer valer as suas reclamações e direitos por via legal.

Contudo, convém que a Câmara continue a investir na melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes, pois de acordo com alguma população ouvida, há sempre muito para fazer e ensinar às pessoas. Francisco Silva, por exemplo, é funcionário no Ecocentro do Castelo da Maia e defende que «a Câmara devia investir em seguranças nocturnos para os Ecocentros, para evitar que haja mais roubos e vandalismo nas instalações e que as pessoas deixem o lixo à entrada do Ecocentro durante a noite».

Para o futuro, Helena Lopes adiantou-nos a existência de um projecto «ambicioso, ainda em fase de construção, com localização na freguesia de Santa Maria de Avioso, e que, se tudo correr bem, estará disponível para a população a partir do próximo ano. Trata-se uma zona verde com uma área de terreno bastante grande, destinada essencialmente ao lazer e à prática de exercício físico».

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