28 maio, 2005

A função educativa do teatro

Numa altura em que o tema da Cultura está tão em voga, torna-se importante reflectir acerca do papel do Teatro na sociedade. Será que o Teatro tem uma função educativa? Terá a mensagem do actor um carácter educativo? Como reage o público a esta mensagem?

Por: Joana Pinto

Romeu Pereira, actor e director artístico da Associação Teatro Construção de Joane, no concelho de Vila Nova de Famalicão, diz a este respeito: «tentamos sempre dar a entender que se podem mudar as coisas com pequenos gestos: o actor, quando sobe ao palco, pretende transmitir emoções, realismo: a mensagem do autor do texto e do espectáculo».

Custódio Oliveira, autor e encenador de peças de teatro e presidente da Associação Teatro Construção, também de Joane, que «todo o espectáculo de teatro deveria ser didáctico».
Mas também há quem defenda que o teatro é um complemento da educação: «para haver usufruto do espectáculo criativo, para criar sensibilidade à cultura, tem de haver um processo de aprendizagem como se aprende a ler. É por isso que considero que pode ajudar o seu processo de formação vir ao teatro», afirmou Luísa Portal, responsável pelas Relações Públicas e pelo trabalho com as escolas do Teatro Nacional S. João.

«Por exemplo, - continua - temos o caso do espectáculo dos Lusíadas rumo ao Oriente, o qual registou sempre bastante assistência das escolas porque faz parte do programa escolar. A peça, naturalmente, tinha como pré-requisito saber o que são os Lusíadas... até porque os códigos teatrais são diferentes dos códigos de escrita», esclarece.

Fernando Campo Salha, responsável pela frente do Teatro S. João e pela bilheteira, partilha a mesma opinião: «o teatro pode ser um complemento da educação… Por exemplo, a peça A Castro não é imediatamente um texto do currículo escolar, mas, de qualquer forma, vir ao espectáculo pode ajudar a compreender o texto. Não educa, mas ajuda, pode ser um auxiliar de educação neste sentido».

Para Fernando Salha, vir ao Teatro é essencialmente uma coisa de prazer, enquanto que «aprender não é só uma coisa de prazer: é uma coisa de trabalho. Portanto, vir ao teatro não pode ser uma coisa que exija trabalho: tem de ser uma coisa por prazer».

O Teatro Nacional S. João tem um conjunto de iniciativas para fazer com que as crianças tenham cada vez mais acesso ao teatro e à cultura. Contudo, Luísa Portal assume não ser possível dar resposta a tudo: «optou-se pelo trabalho com as secundárias porque entendemos que qualquer aluno do ensino secundário, salvo raríssimas excepções de espectáculos mais complicados, pode e deve assistir a qualquer espectáculo que nós apresentamos. Como não conseguimos chegar a tudo (visto só termos uma sala), os espectáculos para crianças são feitos em palcos mais pequenos, para menos gente».

A tentativa de integrar cobre todos os níveis de actuação: «temos uma preocupação constante com o secundário, juntando essas escolas e esses jovens ao público habitual. Isso foi uma estratégia definida já em 1996 pelo segundo Director do Teatro, Ricardo Pais, e que foi uma aposta ganha!»

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