26 junho, 2004

...nos jardins do Palácio

Por: Ana Isabel Silva

Construídos nos finais do Séc. XIX, os jardins do Palácio de Cristal apareceram «numa altura em que, em todo o mundo, existia uma tendência para o coleccionismo botânico», como explica Luís Xavier, biólogo e responsável por aquele parque. Inicialmente situados em redor de uma extraordinária estrutura em cristal e ferro, que também servia de estufa para raridades botânicas, o local que os jardins hoje ocupam é um dos mais belos do Porto.

O Pálácio de Cristal foi inaugurado em Setembro de 1865, no âmbito de uma grande Exposição Internacional. Logo nessa altura, o edifício não passou indiferente ao público, permanecendo aberto até ao princípio do ano seguinte. Por falta de receitas provindas das suas actividades culturais, o Palácio seria adquirido pela Câmara Municipal do Porto, em 1934. Mais tarde, seria demolido e substituído por um novo pavilhão, inaugurado em Outubro de 1952, com vocação desportiva, especialmente para acolher os populares jogos de hóquei em patins. Recentemente, o edifício seria designado Pavilhão Rosa Mota, em honra da conhecida e prestigiada atleta portuense.

O Palácio de Cristal caracteriza-se por ser um pavilhão multi-usos, onde decorrem diversos acontecimentos e actividades culturais e desportivas, continuando cercado por belos jardins. O Palácio (a expressão por que é hoje conhecido) é o centro de uma imensa área verde, onde coexistem centenas de espécies da flora. De acordo com Luís Xavier, «nestes jardins, há centenas e centenas de espécies vegetais e, mesmo, plantas exóticas oriundas da Austrália e Nova Zelândia». Isto para além das diversas espécies animais que fizeram desses jardins o seu ‘habitat’.

Resguardados pela beleza dos jardins do Palácio, é fácil esquecemos o ‘stress’ e as buzinas da cidade, repousando num dos muitos bancos espalhados pelos recantos do parque. O canto dos pássaros, o verde que nos rodeia, as fontes que borbulham, os lagos, a vista sobre o rio Douro – tudo nos remete para outros tempos, mais calmos.

Joaquim Silva, presença assídua nos Jardins, confessa que este é um lugar de eleição: «Aqui, encontro-me com os amigos, jogamos cartas e conversamos sobre o futebol...». Olinda concorda com esta visão. Mas tem um reparo: «Só é pena os namorados virem para cá fazer tantas poucas vergonhas! No meu tempo, o jardim era um espaço para namorar, mas de uma outra forma, com mais respeito».

Mas o jardim é muito mais! Oficinas e espaços lúdicos utilizados pelas crianças e adultos nos tempos livres, a Biblioteca Almeida Garrett e, ainda, o Museu Romântico. Os ‘workshops’ temáticos que aí se realizam com frequência são um dos motivos que levam a este espaço a estudante de Artes, Gabriela Mendes: «Já cá estive num Workshop sobre reciclagem e utilização de papel.

O Jardim é um lugar onde busco inspiração para desenhar e fotografar». Para o malabarista Américo Jorge, «o Palácio é um lugar de encontro com o grupo Artes Circenses, de que faço parte. Ainda há quinze dias, realizou-se, aqui, um encontro de malabaristas».

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